Urubus não estão entre os mais fofos dos animais, mas estão entre os campeões quando o assunto é a prestação de serviços ecossistêmicos. Chamamos assim os vários benefícios que a natureza e seus seres proporcionam para a qualidade de vida das pessoas, como a polinização, a dispersão de sementes e o controle de pragas. Mas o forte dos urubus é mesmo a faxina.
Essas grandes aves se alimentam quase exclusivamente das carcaças de outros animais mortos. E é exatamente esse hábito alimentar peculiar que trás tantos benefícios para a natureza e a humanidade.
A excelente visão dos urubus, em conjunto com seus altos voos panorâmicos, faz com que geralmente eles sejam os primeiros encontrar um animal morto. Eles se alimentam da carniça e depois de fazerem a digestão (cocô!), contribuem para que os nutrientes presentes nas carcaças retornem para a natureza. Devorando rapidamente os restos mortais de animais, essas aves também ajudam a diminuir a circulação de doenças eventualmente transmitidas por esses restos e livram o ambiente de microrganismos nocivos à saúde.
E as vantagens do serviço de limpeza dos urubus não param por aí. Saiba que os cadáveres de animais em decomposição liberam muitos gases associados ao efeito estufa – um fenômeno natural e benéfico para o planeta, mas que, por estar desregulado, tem levado ao aquecimento global.
Em um estudo recente, cientistas mostraram que, com a participação dos urubus, as carcaças se decompõem mais rapidamente e liberam muito menos gases na atmosfera. Pode parecer pouco quando pensamos na contribuição de um único urubu, mas os cientistas fizeram as contas: a população mundial estimada de urubus pode retirar da atmosfera o equivalente aos gases gerados por mais de 20 milhões de carros em um ano! Olhando por esse lado, os urubus parecem animais muito agradáveis, não é verdade?
Vinícius São Pedro,
Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos
Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.
Matéria publicada em 13.01.2023
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