Feche os olhos e imagine o mapa do Brasil. Agora, responda: o que as estrelas têm a ver com ele? Parece difícil responder? Mas saiba que as duas coisas estão relacionadas. Até se tornar o país que conhecemos hoje, o Brasil passou por muitas mudanças, e os corpos celestes foram importantíssimos para a determinação de suas fronteiras.

Teodolito, aparelho ótico usado para medir ângulos horizontais e verticais. (Créditos : Acervo/ MAST)
Apesar de estudar estrelas, planetas e outros objetos que estão no céu, a astronomia também é a ciência que aponta com exatidão as coordenadas geográficas aqui na Terra. “Suponha que, em um determinado instante, traçamos uma reta ligando o centro de um astro, no céu, ao centro da Terra. O ponto onde essa reta ‘fura’ a superfície terrestre é chamado de posição geográfica do astro”, explica a historiadora Moema Vergara, do Museu de Astronomia e Ciências Afins. “Assim, se o observador souber a hora na Terra em que esse astro está visível no céu, ele é capaz de saber sua posição na esfera terrestre”.
Já no século 19, com a ajuda de instrumentos especializados, cientistas faziam medições de ângulos verticais e horizontais para documentar a posição exata de um corpo celeste (no céu) ou de um ponto geográfico (na Terra). Naquela época, os principais instrumentos utilizados eram o teodolito, o sextante, o trânsito e o cronômetro de marinha.
A observação dos corpos celestes guiou, por exemplo, as grandes navegações realizadas pelos europeus a partir do século 15, e que resultaram na chegada, pelo mar, às Américas, à África e à Índia. Por outro lado, ajudou também a estabelecer as fronteiras entre os territórios colonizados por um ou outro país – afinal, estamos falando de regiões imensas, que levariam anos para serem percorridas de cabo a rabo.

Sextante era um dos principais aparelhos utilizados para observar corpos celestes e documentar pontos geográficos. (foto: domínio público/Pixabay)
Os cálculos para determinar essas fronteiras, no entanto, já foram bastante questionados. Por vezes, a determinação de uma fronteira virava motivo de briga! Foi o que aconteceu entre Brasil e Bolívia no início do século 20. Naquela época, o território que hoje corresponde ao estado do Acre pertencia ao país vizinho.
Autoridades brasileiras e bolivianas discordavam do lugar em que a fronteira deveria estar. “Em tratados antigos, havia um indicativo de onde a fronteira entre os dois países deveria passar, segundo latitude e longitude. Mas havia uma diferença entre os cálculos brasileiros e os bolivianos”, conta Moema. Para resolver o conflito, o cientista e então diretor do Observatório Nacional, Luiz Cruls, viajou até a região e fez medições diretamente no local. “Ele precisou ir até o terreno e verificar se o que estava sendo imaginado era de fato obedecido”, esclarece Moema. O estabelecimento das fronteiras era, assim, um trabalho que unia cálculos astronômicos e observação local.
Essas e outras curiosidades você desvenda na exposição “Olhar o céu, medir a Terra”, que fica permanentemente em cartaz no Museu de Astronomia e Ciências Afins, no Rio de Janeiro. A visita é gratuita! Clique aqui para saber mais.
Anna Elise
Pensava que só existia um instrumento para olhar as estrelas, o telescópio, mas agora sei que existem outros!
Publicado em 6 de outubro de 2018
Guilherme Conrado da Silva
Boa tarde professora tem ave que cada estrela tem um significado.
Publicado em 27 de maio de 2020
Guilherme Ítalo
Eu acho as máquinas antigas muito interessantes.
Publicado em 6 de abril de 2021
Vitoria
Gostei muito dessa reportagem
Publicado em 7 de março de 2022