
Atualmente, há cinco astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS): os três que integraram a expedição de Marcos César Pontes e outros dois, que já estavam lá há seis meses. No sábado, o astronauta brasileiro (na foto, o primeiro à esquerda na fileira de trás) retorna à Terra com os dois tripulantes que já estavam na ISS (foto: Nasa TV).
Há pouco mais de uma semana no espaço, Marcos César Pontes já fez de tudo um pouco: trabalhou, conversou com o presidente da República, deu entrevistas e até homenageou Santos-Dumont, ao mostrar um lenço do inventor do avião que levou em sua bagagem e colocar na cabeça uma réplica do chapéu que o aeronauta costumava usar. Mas você sabia que, durante sua missão espacial de mais de sete dias, o astronauta brasileiro também teve de se adaptar a mudanças que ocorreram no seu organismo?
Pois é. Em uma das imagens enviadas à Terra da Estação Espacial Internacional, era possível ver que o rosto do astronauta parecia inchado. Não é para menos. Como explica Thais Russomano, médica aeroespacial e coordenadora do Laboratório de Microgravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a permanência no espaço por uma semana gera o deslocamento de sangue da parte inferior para a parte superior do corpo, já que não há mais a ação da força gravitacional. Com isso, os astronautas, em geral, ficam com o rosto inchado e as pernas finas.
“Como na microgravidade não se tem orientação espacial adequada, o sistema vestibular – responsável pelo equilíbrio e pela orientação – também acaba não funcionando e isso causa a doença da locomoção espacial, caracterizada por náuseas, vômitos, suor, palidez, perda de desempenho e mal-estar geral”, conta ela.
Nos contatos que manteve com a Terra, o astronauta brasileiro garantiu que não sentiu sequer enjôo. “Me adaptei 100% ao espaço”, disse ele, em entrevista à Agência Espacial Brasileira. No entanto, ao retornar à Terra no próximo sábado, dia 8 de abril, Marcos Pontes terá a companhia de dois astronautas: um americano e um russo, que voltam ao planeta depois de seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional. No caso de uma permanência longa como essa no espaço, qual será o efeito sobre o corpo humano?

A Soyuz TMA-8 parte para a Estação Espacial Internacional: o astronauta brasileiro está no espaço há mais de uma semana (foto: Nasa/Bill Ingalls).
“As alterações que mencionamos há pouco acabam por se estabilizar depois de cerca de três a cinco dias. O que ocorre em longo prazo, além dos efeitos emocionais de se estar em um ambiente isolado, distante de tudo e de todos, são alterações no sistema osteomuscular: músculos e ossos ficam mais fracos, atrofiados”, conta Thais.
No caso do astronauta brasileiro, que permanecerá, no total, apenas 10 dias no espaço, os efeitos em ossos e músculos são pequenos. Porém, quando a nave que o conduzirá de volta à Terra entrar novamente na atmosfera do planeta, Marcos Pontes poderá ter um pouco de tontura. “Na reentrada, a força gravitacional volta a agir sobre o corpo do astronauta, causando o redeslocamento de sangue para a parte inferior do corpo. Por conta disso – e também porque o sistema vestibular volta a funcionar, tendo que se readaptar à gravidade terrestre –, Marcos Pontes pode ficar um pouco tonto”, conta Thais.
A contagem regressiva para a volta do astronauta brasileiro, de fato, já começou. A chegada de Marcos César Pontes e o restante da tripulação ao Cazaquistão, país da Ásia, está marcada para as 20h56 (horário de Brasília) deste sábado, oito de abril. O retorno do astronauta brasileiro irá demorar apenas algumas horas, enquanto a sua viagem de ida durou dois dias. Amanhã, vamos descobrir por que voltar da Estação Espacial Internacional é muito mais rápido do que ir até lá. Não perca!
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Anna Elise
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Publicado em 1 de setembro de 2018